De fenómeno de audiências a um regresso discreto: que futuro tem o 'MasterChef Júnior'?

O 'MasterChef Júnior"'está de volta. A nova temporada estreia já a 7 de junho na RTP1, com os chefs Kiko Martins, Diogo Rocha e Teresa Horta Colaço no painel de jurados. Mas por mais talento que os miúdos tragam para a cozinha, há uma pergunta que se impõe: onde ficou o brilho de outrora?
De programa de domingo líder na TVI… ao silêncio na grelha da RTP
Quando passou na TVI, o formato foi um verdadeiro sucesso de audiências. Miúdos a cozinhar como graúdos, pratos de fazer inveja a muitos adultos e uma aura de descoberta e ternura que agarrava o público do início ao fim. Era o típico programa “para ver em família”, com emoção, talento e entretenimento de sobra.
Hoje, o regresso dá-se quase em surdina, longe do mediatismo que outrora o envolveu. A RTP anuncia a estreia com discrição, sem grandes campanhas ou alarido, quase como se estivesse a “cumprir calendário” e não a ressuscitar um dos formatos mais promissores da televisão portuguesa.
A nova edição parece ter tudo para resultar. Os jurados são nomes fortes — o Chef Kiko, por exemplo, é carismático e tem aquela energia que funciona bem com os mais novos. Teresa Horta Colaço repete a dose do ano passado, agora mais confiante, e Diogo Rocha estreia-se com vontade. E, claro, os miúdos voltam a surpreender com criatividade, paixão e até um toque de irreverência.
Uma oportunidade (quase) desperdiçada
Mas o problema não está dentro da cozinha. Está cá fora, na forma como o programa é promovido, percecionado e integrado na atual grelha de programação. Porque é que algo que foi líder de audiências há uns anos se tornou agora um produto secundário?
Numa era em que tanto se fala de oferecer conteúdos com valor educativo, familiar e emocional, o 'MasterChef Júnior' podia ser uma bandeira da televisão pública. Um espaço para celebrar o talento infantil sem dramatismos, onde se cozinha e se cresce com alegria.
Mas se ninguém der por isso, se ninguém o vir, pouco adianta ter miúdos brilhantes e chefs inspiradores. A televisão também se faz de contexto, de impacto e de presença. E essa presença, neste regresso, parece ter ficado pelo caminho.