Duarte Gomes Fala Sobre o Desafio de Interpretar um Agressor: “A Violência Doméstica Mexe Comigo”
O ator Duarte Gomes revela o impacto emocional de dar vida a Manuel, um homem violento na novela, e como lida com esse papel delicado fora do ecrã.
A novela que tem conquistado os portugueses não foge aos temas difíceis — e a violência doméstica é um dos mais intensos e perturbadores. No centro desta trama estão os atores Duarte Gomes, que interpreta Manuel, e Catarina Rebelo, no papel da vítima. O envolvimento emocional necessário para dar vida a uma história tão sensível tem sido um verdadeiro desafio para ambos.
“A violência doméstica é um tema que mexe comigo. Já assisti a situações reais e isso deixa-me inquieto”
Nos bastidores, o clima entre os atores é de extremo cuidado e respeito. As cenas de agressão são preparadas com atenção redobrada, não só para garantir o realismo, mas também para proteger a saúde emocional e física dos envolvidos.
“Temos muitas conversas sobre os limites de cada um. Há uma linha ténue entre a representação e o impacto psicológico real que ela pode ter. Trabalhar com a Catarina tem sido essencial, temos uma relação de confiança mútua”.
As gravações deixam marcas. Duarte Gomes admite que precisa de tempo para recuperar após as cenas mais duras: “Fico uns minutos parado. Fica sempre um ambiente estranho no estúdio.”
Para aliviar a carga emocional, o ator procura o equilíbrio na vida pessoal. Pai da pequena Amélia, de 2 anos, Duarte diz que a filha é a sua âncora: “Ela obriga-me a desligar. Não me deixa pensar em nada de mau. É uma bênção.”
Por sua vez, Catarina Rebelo, embora mais reservada, também tem partilhado que estas cenas exigem preparação emocional intensa e apoio constante da equipa de produção. A atriz tem elogiado a forma como a novela aborda o tema com sensibilidade, dando voz a milhares de mulheres que vivem esta realidade.
Novela que espelha a realidade
Estas cenas de violência doméstica são mais do que momentos dramáticos na narrativa: são retratos de uma realidade ainda presente na sociedade portuguesa, onde muitas vítimas continuam em silêncio. A ficção, neste caso, torna-se um veículo poderoso de empatia e alerta social.
Com interpretações comprometidas e emocionalmente honestas, Duarte Gomes e Catarina Rebelo dão rosto a uma dor que não pode ser ignorada — dentro e fora da televisão.